Não há como estabelecer com total exatidão histórica, quando se deu o início da imigração judaica oriunda do Marrocos para a Amazônia, pois não existe um marco cronológico oficial, uma vez que a mesma se deu em ondas diversas ao longo de um século – o século XIX. A maioria dos pesquisadores e historiadores, que se debruçaram sobre o tema, aponta para um consenso em torno do ano de 1810, considerando uma série de acontecimentos históricos à ele relacionados.
1- A Carta Régia de 28 de janeiro de 1808 que estabelecia a Abertura dos Portos às Nações Amigas.
2- Os dois tratados assinados entre Portugal e Inglaterra em 19 de fevereiro de 1810: o primeiro de Comércio e Navegação e o segundo de Aliança e Amizade.
E assim, com a movimentação que tem início com a abertura dos portos e o novo comércio, começam a chegar ao Brasil, e também à Amazônia, através do porto de Belém, os primeiros judeus, principalmente de origem marroquina, envolvidos com a navegação e o comércio e toda a burocracia consular que se estabelece como consequência desta nova atividade.
É aí que tudo começa. A partir de 1810 vamos encontrar os pioneiros desta grande epopéia histórica, a Imigração Judaica para a Amazônia, que em 2011 entra no seu tricentenário.
Uma imigração, que estabeleceu em plena selva amazônica, cerca de 1000 famílias oriundas dos “melahs” do Marrocos, e que deixou profundas raízes, até hoje presentes naquela região e em seus milhares de descendentes ali residentes e nos espalhados pelo resto do país e também em Israel, onde já contam cerca de 300 pessoas; seja através dos marcos judaicos comunitários que estabeleceram para dar continuidade à sua religião e cultura milenar, e que até hoje, após mais de 200 anos, têm sabido preservar, seja através da sua substancial contribuição ao desenvolvimento de nosso país, na região amazônica e nas demais para onde migraram em fase posterior. São industriais, comerciantes, profissionais liberais de todo o tipo, educadores, professores, pesquisadores, artistas, escritores, trabalhadores de diversas áreas da economia regional e nacional.
É sobre este vasto e riquíssimo universo cultural e de tradições singulares, que pretendemos nos debruçar, objetivando, resgatar e registrar sua memória, sua História, sua luta passada e presente pela preservação de seus valores milenares, sua enorme capacidade de adaptação e a síntese histórica de séculos de convivência com as demais culturas que compõem o mosaico étnico amazônico e sua substancial contribuição para o desenvolvimento e a preservação daquela região que é por todos reconhecida como o pulmão do mundo.
Diretoria do Portal Amazônia Judaica