Na Bienal do Livro de Rio, a saga dos judeus em «Caminhois Cruzados»

Um convite aos fluminenses, muito especialmente aos cariocas e, em particular, à comunidade judaica da cidade e do Estado.

caminhos_cruzados

No sábado 12/9/2015, a partir das 15h, o jornalista Paulo Carneiro (foto) lança na Bienal do Livro do Rio “Caminhos Cruzados – a vitoriosa saga dos judeus do Recife no século XVII, da expulsão da Espanha à fundação de Nova York, da editora Autografia”.

Já falei aqui sobre o livro, que narra a trajetória dos judeus estabelecidos em Pernambuco em 1630, que construíram a primeira sinagoga das Américas. Além de mostrar a organização da comunidade, Carneiro joga novas luzes no papel que tiveram na fundação da cidade de Nova York os judeus originários do Recife, Assino o prefácio da obra, com muita honra.

Carneiro nasceu na capital pernambucana em 1947. É descendente de cristãos-novos, com influências negra, indígena e holandesa. Mudou-se para o Rio, nos anos 70, e depois para São Paulo. É formado em jornalismo pela ECA-USP.

Paulo Carneiro
Paulo Carneiro

Recomendo o livro vivamente. Seguem trechos do prefácio que escrevi.

Paulo Carneiro escreveu um pequeno grande livro sobre a saga dos judeus. Não precisou voltar a 586 a.C., à Primeira Diáspora. Seu tempo é outro e, a rigor, é o de sempre: o tempo da resistência. A aventura começa com a expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, e termina em 1654, com a chegada a Nova Amsterdã de 23 cristãos novos oriundos de Recife, a bordo do navio Santa Catarina.

O fervilhante “Brasil holandês” havia perdido a guerra, e os judeus pagaram o preço da derrota. Uma parte deles se embrenhou pelas “vastas solidões” — para lembrar Joaquim Nabuco — do país, outra emigrou. E, assim, aqueles 23 foram obrigados a trocar o antes efervescente Recife de Maurício de Nassau pela acanhada Nova Amsterdã, batizada depois de “Nova York” pelos ingleses.

A vida dos menos de mil habitantes do local tinha como centro não mais do que um vilarejo de 20 casas e meia-dúzia de estabelecimentos comerciais. Mas nessa Babel já se falavam 18 idiomas.

A narrativa de Carneiro é rigorosa, didática e ágil. Lê-se o livro, a um só tempo, como um manual — nele estão elencados os fatos, datas e personagens que compõem o painel de um tempo —, mas também como um libelo de, emprego outra vez a palavra, resistência. Em “Caminhos Cruzados”, e assim foi e tem sido na vida, ser judeu implica a luta constante para ser um igual, mas mantendo a diferença. O próprio autor, note-se, é descendente de cristãos novos, daqueles que ficaram no Brasil, povoando, então, as suas “vastas solidões” e mantendo a sua fé em silêncio.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

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