Primeiro sefaradi a presidir a Hebraica de Sao Paulo
Por Glorinha Cohen
![douek Abramo Douek](https://esefarad.com/wp-content/uploads/2012/01/douek.jpg)
Casado com a terapeuta holística Berta Kotler Douek, pai de dois filhos e avô de uma linda menina, Abramo Douek, egípcio nascido no Cairo no dia primeiro de outubro de 1952, foi eleito presidente no último dia 12 pelo Conselho Deliberativo da Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo para uma gestão de três anos, e que terá início dia primeiro de janeiro.
Tendo como principal desafio a implantação de uma escola judaica dentro do clube e suas conseqüências, bem como a ampliação do estacionamento e adaptação dos espaços para suas instalações, ele é o primeiro sefaradi a presidir a instituição. E predicados não lhe faltam para tal: já ocupou vários cargos na Hebraica, tais como o de responsável pela área de compras, tesoureiro geral, vice-presidente administrativo e vice-presidente de esportes. Além de tudo isto ninguém nega que ele é charmoso, elegante, carismático e que tem o dom de saber ouvir as pessoas. E, o que é mais importante: está sempre com um sorriso no rosto moreno que demonstra suas raízes.
Nesta reportagem, especialmente concedida para nosso portal, o novo presidente fala de seus planos, de sua vida e convicções, levando você a se encantar ainda mais com ele. Confira.
Só aceitei me candidatar à presidência da Hebraica em função da implementação da escola no clube. É um grande desafio.
Queremos ter uma escola de excelência como tudo que fazemos …
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GC – Lugar preferido.
AD – Lugares preferidos: nesta ordem, a minha casa, o meu trabalho, minha casa de campo e, obviamente, a Hebraica.
GC – Você é uma pessoa que está sempre alegre. Mas, o que o tira do sério?
AD – O que me tira do sério é a falsidade, que é um atraso de vida. E acho que a sinceridade é a principal virtude dos homens.
GC – Experiência inesquecível:
AD – A minha experiência inesquecível foi minha primeira viagem a Israel com minha família para assistir uma Macabíada Mundial.
GC – Viagem inesquecível:
AD – Viagem inesquecível? Adoro viajar e tento sempre transformar minhas viagens inesquecíveis; porém, é sempre muito bom dar um pulo até Israel, há muita coisa a ser vista ainda e sempre algo a mais a aprender.
GC – O que detesta e o que gosta nas pessoas?.
AD – Detesto:a hipocrisia, a falsidade, as criticas destrutivas… Virtudes: a lealdade, a verdade e trabalhar sempre a favor e nunca contra.
GC – Onde fez colégio/ginásio?
AD – Quando cheguei ao Brasil, fiz o Ginásio no Liceu Pasteur, única escola de língua francesa, que era minha língua materna, depois me formei em eletrônica, porque adorava desmontar e consertar rádios e televisores, que na época eram com válvulas. Em seguida, consegui meu primeiro emprego na Bolsa de Valores de São Paulo e fiquei encantado com o mercado financeiro. Fiz administração de empresas na FMU, e vários cursos de especialização na FGV e no exterior.
GC – Como foi sua infância e adolescência?
AD – A minha infância foi muito boa, porque até os 10 anos vivia no Egito e minha família era rica, sempre estava nas melhores escolas, passávamos as férias nos melhores lugares sempre com meus primos e amigos, foram anos muito felizes. Quando chegamos ao Brasil, foi muito mais difícil, meu pai tinha deixado praticamente tudo no Egito, tivemos que praticamente começar do zero e com muitas dificuldades contando apenas com a ajuda de amigos e tios que tinha imigrado para o Brasil. Meus pais sempre procuraram nos colocar numa boa escola e principal segundo objetivo era sermos sócios da Hebraica para termos uma convivência judaica. Mas naquela época isto era um sonho distante.
GC – Você foi diretor do Banco Cidade de 1970 a 1999 e hoje é diretor superintendente do Banco Rendimento. Como aconteceu esta mudança?
AD – Meu primeiro emprego sério foi no Banco Cidade, que foi a minha principal escola. E devo muito ao senhor Edmundo Safdie, presidente do banco, que me acolheu e me deu muitas oportunidades. Lá fiquei de 1970 a 1998, passei por praticamente todas as áreas, aprendi muito. Em seguida trabalhei para um banco estrangeiro durante 2 anos, quando surgiu o convite do Cesar Ades para me associar ao Banco Rendimento e iniciar um novo projeto, o que aconteceu a partir de 2001.
GC – Antes de ser banqueiro deve alguma outra profissão?
AD – Desde a adolescência, como disse, fiquei encantado com o mercado financeiro, e estou neste mercado faz 41 anos, portanto, não sei se saberia trabalhar em outro ramo.
GC – Quando começou sua vida comunitária e qual foi seu primeiro trabalho nesta área?
AD – Comecei minha vida comunitária depois de receber um convite da Tereza Nigri, então presidente do Colégio Bialik, para ajudar a organizar a tesouraria; depois fui parar na Federação Israelita do Estado de São Paulo a convite da Vera Bobrow, e em seguida na Hebraica, na gestão do Sansão Woiler, e sempre na área financeira, implantando programas orçamentários e controles financeiros. Pelo jeito era mesmo minha especialidade e gostava de ver as instituições, a partir de então, com uma disciplina financeira, e isto me dava muito prazer.
GC – Quem o influenciou?
AD – Quem me estimulou bastante para atuar no trabalho voluntário foi o Guiora Esrubilsky, que infelizmente não esta mais no Brasil.
GC – O que mais o encantou no trabalho voluntário?
AD – O trabalho voluntário é muito gratificante, porque você sente que esta contribuindo para o bem comum, ajudando o seu meio ambiente ser melhor, e quando isto se realiza, a sensação de missão cumprida é muito gratificante.
GC – E quanto à competição e as vaidades? Como lida com isto?
AD – O que me desencanta são as vaidades pessoais que muitas vezes se sobrepõem aos interesses comunitários, além das pessoas que gostam de se eternizarem nos cargos porque se consideram insubstituíveis, o que é um tremendo engano. O trabalho voluntário tem que ser pontual e por tempo determinado, dando oportunidade aos outros de também contribuírem.
GC – Quais mudanças você percebeu em si mesmo após dedicar-se ao trabalho voluntário?
AD – O trabalho comunitário nos ensina a ter tolerância, a olhar para o bem comum, a motivar as pessoas a trabalharem para boas causas, e tudo isso o torna uma pessoa mais humana, menos egoísta, além das boas amizades que nos proporcionam.
![douek_2 Abramo Douek](https://esefarad.com/wp-content/uploads/2012/01/douek_2.jpg)
GC – Atualmente participa de quais entidades?
AD – Atualmente estou na Hebraica, na Sinagoga da Abolição, no conselho do Hospital Israelita Albert Einstein, e na Conib
GC – Você foi indicado para ser o próximo presidente da Hebraica de São Paulo, sucedendo Arthur Rotenberg que, aliás, fez uma bela gestão. E como se sente por ser o primeiro sefaradi que vai ocupar tal cargo?
AD – Serei sucessor do Arthur Rotenberg que fez uma excelente gestão, deixando o clube em ordem e com o numero de sócios estável, uma vez que era decrescente há muitos anos. O grande desafio de todos os Presidentes é evitar a saída de mais sócios e conquistar novos sócios. É assim que se mede uma boa gestão, e minha expectativa é que com a implantação da escola na Hebraica consigamos definitivamente reverter este quadro, e trazer jovens pais e crianças para dentro do clube que em última instancia são nosso futuro. Quanto a ser o primeiro Sefaradi a assumir a Hebraica, considero isto uma demonstração de que na Hebraica não existe este tipo de diferenciação, e que minha indicação esteja mais ligadas ás minhas crenças e convicções, e o que tenho dito a todos, é que sou sefaradí, casado com uma esquinazí, mas acima de tudo sou um judeu e sionista convicto.
GC – Você, há vários anos, está sendo cogitado para presidir o clube. Por que só agora aceitou?
AD – Só aceitei me candidatar à presidência da Hebraica em função da implementação da escola no clube. É um grande desafio. Queremos ter uma escola de excelência como tudo que fazemos no clube, e entendo que com minha experiência com escolas, clube, juventude, e com bons colaboradores, vamos atingir este objetivo que no meu entender será fundamental para o crescimento e futuro do clube.
Muitas entidades se dizem voltadas para os jovens, mas poucas de fato dão o espaço necessário para se desenvolverem.
GC – Como é escolhido – ou eleito – o presidente da Hebraica? Quando tomará posse?
AD – O presidente é eleito pelo conselho, que por sua vez é eleito pelos sócios. A eleição foi no dia 12 de Dezembro e a posse a partir de 1 de Janeiro de 2012.
GC – Por que quer ser presidente da Hebraica?
AD – Quero ser presidente da Hebraica pelo desafio de implantar uma escola de excelência para os nossos jovens da comunidade judaica. Eles são o nosso futuro e a garantia da nossa continuidade e nós temos o dever de lhes darem todas as condições necessárias para se formarem, terem a convivência judaica e se tornarem os lideres do futuro. A formação destes jovens e a continuidade judaica são os nossos eternos desafios e principal meta.
GC – Quais os cargos já exercidos no clube?
AD – No clube já fui responsável pela área de compras, tesoureiro Geral, Vice Presidente administrativo e Vice Presidente de Esportes.
GC – Como será formada sua diretoria executiva?
AD – A equipe será formada principalmente por executivos empreendedores. Brinco com eles que as principais qualificações é que não tenham tempo a perder, que não precisem de nenhum favor da Hebraica e que a Hebraica precise muito da experiência profissional deles.
GC – Qual seu programa para presidir o clube?
AD – O principal desafio da próxima gestão é sem dúvida e como disse acima, a implantação da escola e suas consequências para o clube, assim como a ampliação do estacionamento e adaptação dos espaços para suas instalações. Além disso, existe o dia a dia do clube que é muito intenso. Estarei assumindo o clube numa condição bastante favorável do ponto de vista das instalações e, portanto, o principal objetivo será investir em conteúdo, e preferencialmente judaico.
GC – Pretende fazer alguma mudança substancial?
AD – Não teremos mudanças radicais, de forma nenhuma, mesmo porque trabalho com o Arthur há mais de 16 anos e temos muitas coisas em comum. Portanto, eu diria que minha gestão será uma continuidade da gestão atual, com o desfio de fazer algo a mais e melhor e confesso que não será muito fácil.
GC – Quais as dificuldades que acha que vai enfrentar?
AD – Não vejo muitas dificuldades no comando do clube. O que mais me preocupa é conseguir as aprovações necessárias para a implantação da escola, conseguir os recursos necessários para a adaptação do estacionamento e ajustes a serem feitos no clube.
GC – Como atual vice-presidente de Esportes você está comandando os XII JOGOS MACABEUS PAN-AMERICANOS que acontecem no Brasil de 25 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012 e a maior parte dos jogos na Hebraica. Fale sobre isto e sobre como será o réveillon para os atletas, que são cerca de 2.500, e para os associados.
AD – Na realidade assumi a vice-presidência de Esportes nesta gestão, porque havia o compromisso da Hebraica em realizar os jogos Macabeus no Brasil. Todos sabem que não sou um grande esportista, a minha especialidade é planejamento, e o maior desafio era organizar um evento deste porte e preparar as equipes brasileiras para conquistarem o maior número de medalhas possível. Conseguimos uma participação recorde de sócios em todos os esportes do clube com algumas grandes revelações tanto no tênis no judô, no basquete, no pólo, na natação e muitas promessas para o futuro. Estamos programando um grande evento esportivo e nossa expectativa é de recebermos 10.000 jovens durante 9 dias de atividades, esportivas, culturais, sociais, com muito judaísmo e sionismo. Isto inclui a festa de réveillon que acontecerá no clube em três ambientes diferentes e para todos os gostos e idades.
GC – Quais as realizações que gostaria de ressaltar, tanto no campo profissional como no voluntário?
AD – Quanto às minhas realizações poderia citar, no campo pessoal, a linda família que eu tenho; no profissional o banco que conseguimos montar, e no voluntário posso destacar dois momentos: o Bialik, onde fui vice-presidente por algumas gestões, e sem dúvida a Hebraica.
GC – São poucos os jovens que abraçam uma causa comunitária. Ao que atribui esta falta de adesão?
AD – Acredito que os jovens, de um modo geral, gostariam de participar de trabalhos voluntários e não o fazem por falta de motivação e oportunidade, ou por um momento pessoal onde estão envolvidos na formação da família. Muitas entidades se dizem voltadas para os jovens, mas poucas de fato dão o espaço necessário para se desenvolverem. O jovem tem ideias próprias, quer ter o seu espaço, a sua independência e cabe aos dirigentes permitirem e dar condições para que isto aconteça.
GC – Por outro lado, há pessoas que querem fazer algo, mas não sabem por onde começar. O que sugere e qual mensagem daria a quem quer ser voluntário?
AD – No meu entender, na Hebraica existem muitas oportunidades para quem quer iniciar um trabalho voluntário e estamos sempre precisando de ajuda nas diversas áreas do clube, e é sempre um bom começo. A minha sugestão é que procurem um diretor ou um vice-presidente das áreas onde ele teria mais interesse ou foco, e se apresente principalmente agora no momento em que estamos formando as equipes. A Hebraica é sempre um bom começo, uma excelente escola, e uma grande formadora de lideranças.
GC – Se pudesse voltar ao passado, qual época de sua vida escolheria?
AD – Para falar a verdade, nunca pensei em voltar ao passado, pois o melhor momento da minha a vida é agora, e os próximos anos da minha vida.
GC – O que o judaísmo significa pra você?
AD – Judaísmo para mim, não tem explicação, é um estado de espírito, uma crença, uma filosofia de vida, enfim é o máximo.
GC – Se pudesse falar com D’us, o que lhe diria?
AD – Obrigado por tudo que tem feito por mim, minha família, meus amigos, minha comunidade, e vamos continuar lutando para a paz em Israel e entre os povos, para que nossos filhos e nossos netos possam ter uma vida cada vez melhor.
Fuente: Website de Glorinha Cohen
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